sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Radio Retaliation - Thievery Corporation


Vira o disco e toca o mesmo: Politicamente activo, duo norte-americano edita quinto álbum de originais. Com a mesma música de sempre.

Uma década depois de Sounds From The Thievery Hi-Fi , alvo de um assinalável sucesso global e hoje obra de referência num determinado quadrante sonoro, esta dupla de Washington DC revela-se longe de conseguir invocar argumentos que lhe permitam reinventar-se.

Incapazes de reconverter a matriz sonora que os celebrizou, e que têm perpetuado nas suas criações, Eric Hilton e Rob Garza permanecem reféns de uma certa ideia de exotismo musical - hoje estafada, já que permanentemente glosada e espremida até à exaustão por um sem número de projectos -, que continua a ser a imagem de marca de um som que ajudaram a criar e sedimentar.

Não deixa de ser verdade que, a cada nova edição, são notórias inegáveis alterações na abordagem ao processo criativo, mas insuficientes para conduzirem a alterações suficientemente fortes que justifiquem a manutenção da curiosidade do melómano.

Em Radio Retaliation são de novo convocados elementos hip-hop, dub, bossa nova, jazz e psicadélicos que remetem para as áreas geográficas da Índia, América Latina, Brasil ou Caraíbas, numa espécie de viagem planetária em que é impossível escapar aos locais mais turísticos.

Se é inegável que existem neste álbum boas canções ("Vampires", "Hare Krishna" ou "The Numbers Game"), alvo de um irrepreensível trabalho de produção que ajuda a perpetuar o som Thievery Corporation, agarrado a esse universo está uma enorme sensação de déjà-vu , perante a qual existe já uma blindagem que deita por terra qualquer tentativa de mensagem de teor político, de denúncia do controlo estatal das actividades dos cidadãos e consequentes atropelos às suas liberdades e direitos.

E, nem mesmo a participação dos cantores e músicos convidados Chuck Brown, Seu Jorge, Anoushka Shankar, Jana Andevska ou Femi Kuti, procurando, tal como no álbum anterior, The Cosmic Game , fazer o contraponto com os habituais colaboradores, é suficientemente marcante para permitir registar destaques significativos.

Pedro Dias da Silva

MFR

Thievery Corporation - The Forgotten People




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